Tertúlia Lisboa dos Fanzines - Encontro de 21 Fevereiro

The World of Fanzines - A Special Form of Communication é um livro importante para o conhecimento do fenómeno fanzinístico, além de ser um dos primeiros escritos acerca do tema, tendo sido editado em 1973.

Fredric Wertham (*), médico psiquiatra americano, foi autor de várias outras obras: "The Brain is an Organ", "Dark Legend", "The Show of Violence", "Seduction of the Innocent", "The Circle of Guilt", "The World Within" (com Mary Louise Aswell) e "A Sign for Cain".

Para os apreciadores de Banda Desenhada, Wertham é um nome com ressonâncias bastante controversas. O ataque que desferiu, no seu livro "Seduction of the Innocent", contra os "comics" americanos, considerando-os perniciosos para a juventude, acusando-os de males psicológicos causáveis aos leitores de bandas desenhadas de cariz violento e que à violência incitariam, teve influência no aparecimento do "Comics Code Authority", conjunto de regras que impunham normas moralizantes para os autores/artistas da Banda Desenhada americana.
Capa realizada por Roy G. Krenkel para o fanzine "Comic Fandom Monthly" (datado de Out. 1971), reproduzida no livro "The World of Fanzines", que Fredric Wertham terá consultado para tomar conhecimento de um fenómeno fanzinístico que tanto o surpreendeu

Curiosamente, numa fase já bem madura da sua vida - contava setenta e oito anos, quando foi editado o The World of Fanzines -, Wertham debruça-se sobre este
tipo de publicações onde, entre os seus temas, constava a Banda Deseenhada.

Obviamente que isso não implicou a alteração dos seus pontos de vista, mas é curiosa a forma positiva como encara os fanzines nesta obra inesperada na sua bibliografia.

É exactamente este aspecto que poderá ser debatido no encontro de amanhã, se houver interessados.

(*) Fredric Wertham (1895-1981) nasceu na Alemanha, em Munique. Estudou no londrino Kings College, e nas Universidades de Munique e Erlangen (ironia do destino: um homem, nascido alemão, que tanto atacou a BD, estudou na cidade universitária de Erlangen, que hoje é bem conhecida pelo seu importante festival de Banda Desenhada, provavelmente o mais importante que se realiza na Alemanha).

Terminou o seu curso em 1921 na Universidade de Würzburg. Em 1922 mudou-se para os Estados Unidos, onde obteve a respectiva nacionalidade em 1927.

The World of Fanzines: A Special Form of Communication", editado pela Southern Illinois University Press, em 1973. Esta é a data que consta no meu livro, contrariando a de 1974, registada num extenso e aparentemente bem documentado artigo escrito por Dwight Decker, consultável na Internet.

Este Dwight Decker, que em 1969 era um apreciador de fanzines, considerando-os veículos de expressão pessoal - ele próprio editor de um, intitulado "Torch" -, chegou a corresponder-se com Wertham, na mira de o entrevistar para aquele seu fanzine.

E o curioso é que o psiquiatra mostrou-se interessado no tema, tendo começado a contactar faneditores para lhe fornecerem os respectivos zines, tendo sido assim que obteve material para escrever o livro "The World of Fanzines".

Folha Volante - nº 145 - Fev.06

O fanzine Folha Volante é editado em dois matizes diferentes de verde: verde alface, onde reproduzo textos (completos ou excertos) sobre banda desenhada - obviamente -, extraídos dos mais diversos jornais, nacionais ou regionais, semanários, revistas, enfim, onde haja um artigo que ache interessante, recorto e colo, e assim nasce este "slimzine" de uma só folha.

Normalmente distribuo gratuitamente dois números em cada encontro mensal da Tertúlia BD de Lisboa, sendo um com esses tais textos, e outros com bandas desenhadas, extraídas, tais como os textos, dos mais diversos jornais, quer de âmbito nacional, quer regional, ou de revistas não especializadas em BD.

O fanzine Folha Volante é produzido de forma bastante artesanal. São coladas, na frente e no verso, as imagens ou textos (uma espécie de "copy paste" manual:-). Abaixo se reproduz a parte da frente da folha original.

As tiras de banda desenhada, ambas da autoria de Derradé, foram publicadas originalmente na horizontal, como é mais comum, mas, para reprodução aqui no fanzine, para conseguir cabal aproveitamento da página, optei por desmontar as tiras e publicá-las na vertical.

Tiras de bd da autoria de Derradé

Abaixo se reproduz o verso da folha original.

Prancha de banda desenhada a cores, da autoria de Alex Algarvio, publicada inicialmente na revista Mega Jogos - nº 1 - Dez. 05

Depois é só ir a uma reprografia e digitalizar estas montagens para uma folha A4, neste caso das bedês em papel de matiz verde claro, para não prejudicar a reprodução, quando se trata de imagens a cores.

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Há outra postagem relacionada com este mesmo fanzine, nº 143, com data de Jan.24 (clicar na coluna "Archives" para o visitar)

Tertúlia BDzine - nº 99 - Fev.06

Capa do fanzine Tertúlia BDzine nº 99, com o episódio "O Incrível Bulk no Ano 3000", com desenho de Paulo Marques

Com data de 7 de Fevereiro, coincidente com a da Tertúlia BD de Lisboa, evento onde é distribuído gratuitamente, apareceu mais um número do Tertúlia BDzine, o 99, dedicado ao tema Pastiches à Portuguesa.

Aliás, este tema que dá aos autores a possibilidade de realizar paródias aos heróis da BD é um dos muitos que têm sido desenvolvidos neste zine, de que, um dia destes, será dada a lista completa.

Pastiches (ou paródias) à Portuguesa tem sido um tema bastante aproveitado por diversos autores/artistas que frequentam a Tertúlia BD de Lisboa. Desta vez foi o super-herói Hulk que foi parodiado no episódio O Incrível Bulk no Ano 3000, com desenho de Paulo Marques, argumento de G. Lino e diálogos de Paulo Marques.

Fanzines estrangeiros (I) Mycose - o fanzine vencedor no Festival BD de Angoulême 2006

MYcose - le zine sortie du slip, é um magazine de pequenas dimensões (10,5x19,5cm, não chega ao formato A5) mas, em contrapartida, tem um miolo bem nutrido de 68 páginas, em papel de boa gramagem, num matiz creme, com impressão gráfica de muito boa qualidade.

Na minha opinião, baseada na análise do exemplar premiado (o nº18), o júri terá tido em consideração, essencialmente, a originalidade gráfica da maioria das bandas desenhadas que compõem o conteúdo. A colaboração é bastante numerosa, embora algumas das bedês tenham sido realizadas em anos anteriores. É o caso da bd acima reproduzida, feita por Sofi, datada de 2004.