fanzines de banda desenhada

sexta-feira, abril 30, 2010

Os fanzines, vítimas do vírus da iliteracia






Apesar de o primeiro fanzine português, o Argon, ter surgido em Janeiro de 1972, continua a haver sempre quem pergunte "o que é um fanzine", quando se escreve ou se fala sobre o assunto.

A definição é simples: é um magazine editado por um (ou uma) fã.

Ou seja: é um magazine amador, sem fins lucrativos, feito por um (uma) entusiasta de qualquer tema: banda desenhada, ilustração, música, cinema ("gore", em especial), ficção científica, poesia, enfim, qualquer tema pode ser tratado num fanzine, embora, incontestavelmente, a BD seja o tema de maior projecção.

O neologismo surgiu pela contração da palavra fan com zine, a última sílaba de magazine.

Mas, com frequência, a pergunta hoje em dia é feita da seguinte maneira: "O que é uma fanzine?".

Isto é: mesmo não sabendo do que se trata, a maior parte das pessoas (especialmente os mais jovens) começa logo por, erroneamente, adoptar o género feminino.

Tem a ver com a citada deturpação muito em voga, desde há uns anos, o texto escrito por mim e publicado no fanzine açoriano Transform/Ar-te, editado em Angra do Heroismo, Ilha Terceira, pela Associação Cultural Burra de Milho.

É esse texto, afixado no topo deste "post", cuja leitura agradeço que seja feita pelos visitantes do blogue. (Apesar de o texto em imagem parecer pouco nítido, como muito bem sabem bastar-lhes-á clicar-lhes em cima, os textos ficarão com um corpo suficientemente legível! Mas se acharem esse aumento insuficiente, mantenham o cursor sobre a imagem até aparecer um ícone parecido com uma lente, com um sinal + dentro do círculo que representa a lente, ou um outro de formato quadrado cor de laranja, com uma seta azul oblíqua em cada ângulo, no canto inferior direito; cliquem sff sobre este quadrado e a imagem aumentará para o dobro).

Apelo aos meus amigos:
1) professores/as Rui Zink (tb libretista operático, romancista, autor de BD e estudioso da matéria, com livro publicado), José Eduardo Rocha (tb músico operático e com breve experiência como autor de BD), Luís Diferr (tb autor de BD e ilustrador), Antero Valério (tb autor de BD/cartunista), Paulo Guinote (tb argumentista e bloguista), Manuel João Ramos (tb autor de BD), Bruno Silva (tb autor de BD);

2) professoras/professores que apreciam BD, Helena Feliciano, Rezendes Costa, Maria do Carmo, Clara Botelho, Fernanda Azevedo e Teresa Chaby, e ao professor/fanzinista/bloguista Paulo Guinote;
3) autores de BD que fazem palestras, "workshops", oficinas, ateliês:
José Ruy (este quase com o dom da ubiquidade), Pedro Leitão, José Abrantes, Paulo Monteiro, Paulo Patrício, Mário Freitas, Marcos Farrajota, Paulo Marques, Phermad, João Mascarenhas, Diniz Conefrey;

4) professores do curso universitário de BD e Ilustração na ESAP/Polo de Guimarães, Pedro Vieira Moura, Marco Mendes, Miguel Carneiro, Pedro Nora, Isabel Carvalho;
5) autores de BD/profes de BD e Ilustração no AR.CO, Nuno Saraiva, Daniel Lima, Jorge Nesbitt, João Fazenda, Filipe Abranches;
6) autores de BD/Ilustração, profes na ESBAL, Zepe e Richard Câmara;
7) e a todos/as professores/as que leiam este "post",
que me apoiem na defesa do ponto de vista linguístico correcto, sempre que ouvirem alunos a usar a citada versão errónea, não facilmente erradicável, hélas, porque faz parte da moda oral jovem...
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Permito-me lembrar (peço desculpa a quem sabe) que os textos que aparecem reproduzidos do fanzine, no topo deste poste, ficarão ampliados e legíveis, bastando clicar-lhes em cima.
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Artigos acerca de fanzines, em datas posteriores,
no blogue
Divulgando Banda Desenhada
8 Ag.2010 - Gambuzine (ver em http://divulgandobd.blogspot.com)

domingo, abril 11, 2010

Vomit Core - Fevereiro 2008

O primeiro fanzine com colesterol alto, qual "a fanzine", qual "colestrol".

Infelizmente, a língua portuguesa leva estes pontapés de gente que até tem graça a desenhar, mas a escrever...
Acerca da errónea utilização do feminino no substantivo masculino fanzine, afixarei um dia destes um "post" com o seguinte texto:
"Os fanzines, vítimas do vírus da iliteracia"




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Mais um fanzine de 2008 - o "Vomit Core" - mais um faneditor recém-chegado ao pequeno mundo fanzinístico, de que só ontem soube da existência.
É dum melómano, fala sobre música electrónica, elogia Otto Schirach, mas também tem BD (duas bandas desenhadas).
Donde classifico o zine como sendo misto, ou, de outra maneira, "um fanzine sobre tema diferente mas que também inclui banda desenhada".
Depreende-se que quero dizer - como já o fiz outras vezes, noutros sítios, peço desculpa a quem já me tenha lido nessas ocasiões - que há mais classificações, no total de três:

1) Fanzines de banda desenhada - os que são totalmente preenchidos com bandas desenhadas;
2) Fanzines com banda desenhada - os que se debruçam sobre um qualquer tema mas que incluem também bandas desenhadas;
3) Fanzines sobre banda desenhada - os que apenas incluem textos sobre BD (críticas, notícias de novas edições, biografias de autores ou personagens, entrevistas com autores, ensaios sobre obras, estudos sobre a Figuração Narrativa).

Ainda há pouco aqui mencionei - "post" de Março, 12 - um fanzine também editado por fãs da área da música, que tinha sido invadido por esse estranho vírus de usar o género feminino para o respectivo fanzine, em vez do já antigo masculino, naquele caso o Evasão zine.
No texto que então elaborei, falei dessa deturpação originada há uns quinze anos justamente em fanzines dedicados à música, cheios de erros ortográficos crassos (á em vez de à, estáva-mos em vez de estávamos, etc.).
E eu pensava: este pessoal sabe muito de música, mas na língua portuguesa têm muitas deficiências, e ainda por cima andam a escrever a fanzine, uma fanzine, ou seja, a transformar o género dos fanzines, cuja origem está no conceito de "um magazine editado por um, ou uma fã", daí que, em 1940, o criador do neologismo tenha feito a contracção da sílaba inicial da palavra fanático com a última sílaba de magazine.

Pois o faneditor Rudolfo preenche os dois maus requisitos, altera o género deste tipo de publicações amadoras - escreve na capa "a primeira fanzine", e faz vários erros ortográficos:
1) "Colestrol" (na capa), em vez de colesterol (e é escrito à mão, não foi falha na teclagem do computador);
2) "Príncipio" (no editorial) em vez de Princípio;
3) "Eletrónica" (no artigo sobre Otto von Schirach) em vez de Electrónica - e não acredito que já esteja a respeitar o acordo ortográfico.

Quanto ao resto, até tem algum nível, quer na apresentação, simples mas com gosto estético bastante aceitável (a capa dupla, apesar de não ser ideia inédita, denuncia imaginação), e as bandas desenhadas demonstram talento e têm originalidade)
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Vomit Core
nº 1 - Fevereiro 2008
Formato A5 - 16 páginas a p/b
Tiragem: 50 exemplares numerados
Editor: Rudolfo
Local da edição: não indicada