Capa do Boletim do Clube Português de Banda Desenhada nº 114, de Março de 2006Já desde há alguns anos, o único sinal de vida do
Clube Português de Banda Desenhada - CPBD é o seu Boletim.Tendo eu pertencido à equipa, variável por vezes de número para número, dos seus responsáveis, classifiquei-o desde sempre como fanzine.
Com efeito, o
Boletim CPBD (título da minha preferência, que usei várias vezes no cabeçalho), corresponde, na sua essência, àquele género de publicações amadoras: tiragem reduzida, conteúdo à base de colaborações benévolas, sem periodicidade fixa, nem distribuição visível.
E, enquanto fanzine de banda desenhada, ele consegue invulgares "performances": é o mais antigo em publicação - o seu início remonta a Março de 1977 - e, embora com vários períodos, mais ou menos longos, de imobilidade, atinge agora vinte e nove anos de existência, sendo, cumulativamente, o que tem mais números publicados. Como se pode verificar na imagem do topo, saiu o nº 114, com data de Março, embora na realidade só tenha ficado pronto em Abril (mais um factor muito comum no mundo dos fanzines, este desfasamento entre o que lá se escreve referente a datas e tiragens, e a realidade).
Ainda mais um pormenor digno de menção: a partir do nº 107, de Junho de 2004, têm sido feitas em simultâneo duas edições de cada número, sendo uma totalmente em fotocópias a cores, outra apenas a preto e branco (excepto a capa, que também é a cores).
Em qualquer dos casos, as tiragens são reduzidas, limitadas às encomendas dos interessados. No que concerne a este nº 114, foram editados 7 exemplares em quadricromia, ao preço de 21€ (destino habitual: Biblioteca Nacional, Amaral, Cardoso, Coelho, Lino, Magalhães, Santos, Talhé) e mais 27 a preto e branco, a 5€.
Capa da revista inglesa Puck nº 1693, datada de 9 de Janeiro de 1937, onde se pode apreciar a graciosidade e dinâmica dos quadradinhos, artisticamente realizados, por Roy Wilson,
mestre do géneroNeste nº 114 do
Boletim do CPBD reproduzem-se várias pranchas publicadas em revistas inglesas, entre elas a famosa
Puck (pertencente ao coleccionador Américo Coelho), onde se pode admirar o virtuosismo de alguns dos grandes artistas da Banda Desenhada inglesa, tais como
Walter Booth e
Reg Perrot (Reginald Perrot), ambos realistas,ou
Roy Wilson, em registo cómico, qualquer deles a desenhar num estilo que hoje talvez já não colha o mesmo entusiasmo suscitado nos leitores/visionadores de meados do século passado das populares
Histórias aos Quadradinhos.
E, ao olharmos para estas pequenas vinhetas, embora rectangulares e não quadradas, aqui sim, aqui sentimos que a expressão tinha, naquela época, perfeito cabimento.
Capa de O Mosquito nº253 (Ano V), de 14 de Novembro de 1940, com a reprodução de uma prancha da obra Pelo Mundo Fora (título adaptado para português do original Rob the Rover, criado por Walter Booth), inicialmente publicada na revista inglesa PuckComo contraponto à mancha intensamente colorida de algumas das páginas da revista inglesa
Puck (exemplar de 1937), reproduzo uma da portuguesa, quase contemporânea,
O Mosquito, (datada de 1940) com a sua modesta mancha monocromática, a que lhe foi mais habitual ao longo do seu percurso de dezassete anos, naturalmente por ser mais económica, não por opção estética.
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