Os Positivos. Banda Desenhada Alternativa - #1 (2ª série]
No verso da capa do fanzine Os Positivos, está a legenda "Humor e Depressão". O humor, algo ácido, perpassa pelas legendas, a depressão anda por lá, mais ou menos sublimada.
Há anos (desde 1997) que Valter Matos edita este fanzine, durante anos em papel, e, a partir de certa altura, no espaço virtual da internet (o presente exemplar do #1 terá sido regresso esporádico ao espaço físico? ou manter-se-ão as duas versões?).
Nunca houve monotonia neste objecto gráfico: o número de páginas varia, o espaço de tempo entre dois números também, os textos são uma mistura de português e inglês (não confundir com bilinguismo...). Leia-se:
"Não, não reajustem os vossos livros, é assim mesmo: tou a desenferrujar as skills as I go. Bear with me for a sec, ok? Já encontro o estilo certo para começarmos esta coisa."
Aqui está a apresentação deste número inicial da nova série, onde o estilo minimalista, mas sugestivo, da banda desenhada, se tem mantido imutável como imagem de marca do autor, desde sempre, no que concerne à componente gráfica.
Quanto à parte ortográfica, lamento dizer, mas os erros, que sempre pulularam no fanzine, são gritantes ("os últimos anos passeio-os", "o 'virtuissismo' inútil", 'pretenções', 'abstracionismo' - como nos restantes textos não houve adesão ao novo acordo ortográfico, então deveria ter escrito abstraccionismo, até ver ainda se usam os dois cc -, entre vários outros, mais o erróneo uso do feminino para falar do fanzine que, para ele, é "a fanzine"(*).
Irreverente, sarcástico, provocador, com frequência a roçar deliberadamente e com algum humor o escatológico, Valter Matos parece usar o texto como forma de catarse para as suas fúrias existenciais, mas também se serve dele para ataque ao ensino formatado: "Porque é que eu tenho de saber o que Freud sonhou, o que Foucault disse, do que o Benjamin disse da perspectiva renascentista (...)"
O faneditor de Os Positivos faz BD, mas não se esgota na sua realização, defende-a da maneira que lhe está mais no feitio, rebela-se e ataca: "(...) enquanto fecham a BD num gueto de galerias e longe das revistas (...)".
Revistas? Já não há, os editores mataram-nas com os álbuns, mais lucrativos - e também porque os leitores, comodistas, preferem o objecto que se arruma com facilidade na estante. Mas temos os fanzines, com toda a sua liberdade, e esses existirão enquanto nós, amadores da coisa amada, quisermos.
(*) Valter Matos, desculpe este ar que você classificará, muito provavelmente, como professoral... Mas, aqui entre nós que ninguém nos ouve, e neste espaço que poucos lêem, "fanzine" é um neologismo originado no conceito "um magazine editado por um/a fã", e o vocábulo nasceu da contracção da palavra fã (fan) com a última sílaba de magazine.
Em Portugal isto já foi escrito milhentas vezes desde o aparecimento do Argon, primeiro fanzine português, em Janeiro de 1972. Eu sei que você não liga a essas coisas...Fuck 'em!
Os Positivos. Banda Desenhada Alternativa
#1 [2ª série]
Data da edição não indicada [Junho 2009]
Periodicidade: não indicada, mas claramente aperiódica
Formato do fanzine: A5
Capa e contracapa em papel kraft
Miolo: 12 páginas em papel reciclado
Editor: não indicado [Valter Matos]
Endereço físico não indicado
(O editor enviou-me amavelmente o fanzine, conhecemo-nos há uns anos quando eu organizei a "Tertúlia Lisboa dos Fanzines", mas entretanto o nº de telefone fixo que eu tinha dele já não responde, e por isso não sei onde é editado o fanzine, nem sei a data em que foi editado, porque esse pormenor não consta no zine).
Endereço electrónico:
http://www.ospositivos.com/
3 Comentários:
...e quando um magazine é um substantivo masc singular tiram-me o tapete de baixo dos pés. Mas no feminino é mais sexy, dê-me isso!
Viva Valter Matos!
Não tinha a pretensão de o convencer, embora já o tenha conseguido com vários outros faneditores das recentes gerações. Diz você que acha mais sexy "a fanzine". Eu tb posso achar mais sexy passar a dizer "uma filme", mas, por respeito aos outros falantes e à língua portuguesa, considero que não o posso fazer, não posso alterar o género de uma palavra a meu bel-prazer. E não tenho conhecimento de ter havido alguma vez algum caso de mudança de género na nossa língua...
Mas ainda bem que deu por este "post" relacionado com o seu fanzine.
Como se apercebeu, faltam-me elementos que seria interessante registar:
a) Qual a data da edição (mês e ano)?
b) Qual o local onde você o editou (Lisboa?)(endereço?)(alguém que o queira comprar directamente ao editor, pode escrever para esse endereço?) Se eu souber o seu endereço, poderei enviar-lhe também um dos meus zines...
c)Já editou mais algum número em papel?
d)Qual foi a tiragem deste?
e) Qual o preço a que o vende?
Se me esclarecesse estas dúvidas, ficar-lhe-ia muito grato.
Abraço.
GL
Olá. Deixei-lhe um comentário no seu outro blogue AQUI
Não sei se me pode ajudar...
Obrigado
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial